[Sermão] O Brasil escravo de Nossa Senhora Aparecida

Sermão para a Festa de Nossa Senhora Aparecida

12.10.2013 – Padre Daniel Pinheiro

ÁUDIO: Sermão para a Festa de Nossa Senhora Aparecida – O Brasil escravo de Maria 12.10.2013

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito santo. Amém.

Ave Maria…

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Hoje, Festa de Nossa Senhora Aparecida. Lembro aos pais que devem explicar aos filhos que a importância do dia de hoje é devida a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e não porque é o dia das crianças. O feriado foi instituído e existe em honra de Nossa Senhora Aparecida.

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Caros católicos, quando falamos da natureza do culto devido a Nossa senhora dissemos que, além da veneração, da invocação, do amor, da gratidão e da imitação, era devido a Maria Santíssima também um culto de escravidão. A Nossa Senhora como Rainha do céu e da terra, de tudo e de todos, se deve uma verdadeira escravidão. Uma escravidão por amor. E essa escravidão sintetiza perfeitamente todos os outros atos pertencentes ao culto de Maria. O escravo fiel a sua Rainha, a venera, reconhecendo sua singular excelência. O escravo ama a Rainha que o governa tão bem, e ele procura, consequentemente, agradar em todas as coisas à Rainha. O escravo tem gratidão por uma Senhora e Rainha que fez e faz por ele tantos favores e obtém tantas graças. O escravo invoca e recorre com grande confiança a uma Rainha que conhece suas necessidades, e que pode, e quer socorrê-lo em suas dificuldades. O escravo fiel, por último, trata de imitar a Rainha, já que reconhece nela o modelo de todas as virtudes.

Que Nossa Senhora seja Rainha, caros católicos, é inegável. Ela é Rainha porque é a Mãe do Rei, ela é a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso Senhor é Rei mesmo enquanto homem porque está unido com o Verbo ao ponto de formar com Ele uma só pessoa, uma pessoa divina. Nosso Senhor é Rei porque nos redimiu na cruz, quer dizer, Ele é Rei por direito de conquista. Nossa Senhora, por sua vez, é Rainha porque é a Mãe de Deus, o que a faz ter uma relação única com Nosso Senhor Jesus Cristo, com o Verbo. Nossa Senhora é Rainha também porque é corredentora, porque participou de forma singular em nossa redenção, adquirindo sobre nós a realeza. Ela é Rainha porque sua santidade é maior que a de todas as outras criaturas, incluindo os anjos. Vemos isso claramente na Ladainha de Nossa Senhora. Mais especificamente, ela é Rainha dos Anjos porque conhece mais profundamente que eles os mistérios divinos. Rainha dos patriarcas porque supera todos eles em heroísmo e em piedade. Rainha dos profetas porque os supera no dom da profecia. Rainha dos apóstolos porque os supera no zelo pela glória de Deus e salvação das almas. Rainha dos mártires porque supera todos eles na virtude da fortaleza. Rainha dos confessores porque sua fé aqui na terra era imensamente superior à fé dos confessores. Rainha das virgens porque supera todas elas com sua pureza imaculada. Enfim, Rainha de todos os santos.  É óbvio que a realeza de Maria é uma realeza dependente e subordinada à realeza de Jesus Cristo. Não são, portanto, dois reinados absolutos e independentes. O reinado de Nossa senhora depende e está subordinado ao de NS. E Maria, como dispensadora de todas as graças adquiridas por Cristo, participa de modo sublime no governo de seu Filho, ajudando-nos a viver em conformidade com a lei da graça.

Nossa Senhora é, portanto, verdadeiramente Rainha, quer queiramos ou não. A nós cabe reconhecer a realeza dessa Rainha que é também nossa Mãe e nos submeter plenamente, entregando a ela tudo o que temos, tudo o que somos, todas as nossas ações passadas, presentes e futuras. Nós já sabemos que o melhor meio para chegar a Nosso Senhor é por Maria, é pela devoção a Maria. E a melhor devoção a Maria é a consagração total a ela como escravos dela, reconhecendo que pertencemos a ela, que somos propriedade dela e entregando tudo a ela, para que ela disponha disso da melhor maneira possível com o objetivo de dar maior glória a Deus e de salvar as almas. Pela consagração total a Maria, nós entregamos tudo a Nossa Senhora: corpo, alma, os bens exteriores, como casa, família, riquezas, e os bens interiores, como méritos, graças, virtudes, satisfações. Nós nos imolamos inteiramente a Jesus nos consagrando totalmente a Maria, e sabendo que, apresentados pelas mãos de Nossa Senhora, esses bens terão muito mais valor aos olhos de Deus e serão aproveitados de forma muito mais perfeita. Além de nos entregarmos inteiramente a Maria, a total consagração a ela consiste também em fazer todas as coisas por Maria, com Maria, em Maria e para Maria. Não basta fazer o ato de consagração e renová-lo com regularidade, se não se vive realmente uma vida espelhada em Maria. É preciso fazer todas as coisas com Maria, quer dizer, tomando-a como modelo de santidade. Fazer todas as coisas em Maria, quer dizer, em união com ela. Fazer todas as coisas por Maria, sempre por meio dela e por sua intercessão, ainda que implicitamente, sem precisar dizer a cada vez que estamos pedindo sua intercessão. Fazer todas as coisas para Maria, para agradar-lhe e poder, assim, agradar a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Santíssima Trindade. Fazer tudo com Maria, em Maria, por Maria e para Maria, como diz São Luís de Montfort, para podermos fazer da melhor maneira possível tudo com Jesus, em Jesus, por Jesus e para Jesus. A total consagração a Maria, nunca é demais repetir, é a mais perfeita consagração a Jesus, pois Maria nos conduz a Ele com suavidade, com firmeza e rapidez.

São inúmeros os benefícios dessa total consagração a Jesus por meio da escravidão a Nossa Senhora. Ela nos consagra inteiramente ao serviço de Deus, entregando a Jesus por Maria tudo o que somos e temos. Com essa consagração, imitamos Nosso Senhor Jesus Cristo, que se submeteu a Nossa Senhora durante grande parte de sua vida e ainda hoje atende a todos os seus pedidos. Ela nos traz grandes benefícios porque atrai o amor de Nossa Senhora e seus auxílios especiais. Maria Santíssima, ao ver que alguém se despoja de tudo para honrá-la e servi-la, não poupará esforços para ajudá-lo no caminho para o céu. Com essa consagração, nossas boas obras são purificadas. A melhor de nossas obras sempre é feita com certo amor próprio, em virtude de nossas fraquezas. Quando as entregamos a Maria, ela purifica nossas boas obras dessas pequenas manchas. Com essa consagração, nossas obras se tornam mais belas diante de Deus. Se oferecêssemos uma simples maçã ao Rei, como diz São Luís de Montfort, nosso oferecimento talvez não fosse tão agradável. Mas quando entregamos essa maçã para a Rainha, ela a coloca em uma bela bandeja de ouro e apresenta essa simples homenagem ao Rei, que ficará muito benévolo em virtude da intermediária e em virtude do modo pelo qual chegou até Ele a homenagem. Essa devoção é também boa para o nosso próximo, pois Nossa Senhora saberá aproveitar plenamente nossas boas obras para o bem dos outros. Enfim, essa consagração é a melhor coisa que podemos fazer se queremos realmente nos converter, caros católicos. Uma explicação tão breve dá somente uma pálida ideia do que é essa escravidão por amor, do que é essa consagração total a Jesus por Maria. Recomendo que leiam o Livro de São Luís de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção a Maria, se quiserem entender bem esse tesouro inesgotável e tendo-o lido, que procedam à consagração, se ainda não a fizeram Que procedam a essa consagração com a real intenção de conversão, de servir Nossa Senhora e Nosso senhor Jesus Cristo. Lembro a todos que a devoção a Nossa Senhora não é uma devoção sentimental ou açucarada. A devoção a Nossa senhora deve nos preparar para a batalha. Para os homens e rapazes, em particular, a devoção a Nossa Senhora deve favorecer a virilidade, tornando-nos capaz de controlar nossas paixões e de nos dispor ao combate espiritual.

Tudo isso que falamos se aplica no plano pessoal, caros católicos. Todavia, se aplica também no plano social. Toda sociedade é também uma criatura e, como tal, deve reconhecer e se submeter à Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo e à realeza de Nossa Senhora. O Brasil tem por Rainha Nossa Senhora da Imaculada Conceição sob o título de Aparecida. Se o Brasil quer realmente viver na ordem, é preciso que seja escravo de Nossa Senhora. O Brasil precisa venerá-la, invocá-la, amá-la, agradecer-lhe, imitá-la, submeter-se a ela. Somente assim haverá a verdadeira ordem, que não pode ser outra do que a ordenação de tudo a Nosso Senhor Jesus Cristo. Somente reconhecendo a realeza e a soberania de Nossa Senhora o país poderá ter um verdadeiro progresso, que não é simplesmente um progresso econômico-social, mas que é um progresso das virtudes no povo, das virtudes naturais e sobrenaturais. Ao desprezar Maria Santíssima com tantas leis iníquas (indiferentismo religioso, aborto em alguns casos, uniões homossexuais e tantas outras coisas); ao desprezar Maria por um sistema político completamente esquecido de seu Filho e de sua Igreja; ao desprezar Maria por uma sociedade cada vez mais hostil à religião católica; ao desprezar Maria pela falta de culto público tributado a ela; ao desprezar Nossa Senhora de tantas formas, o Brasil caminha para o abismo. É nosso dever de piedade filial rezar pelo Brasil, recorrer a Nossa Senhora, pedindo pelo Brasil. E, ao pedirmos pela Brasil, devemos pedir não somente pelos governantes, mas também pelo clero, pelos bispos, pelos sacerdotes, para que sejam fiéis e santos.

Claro, devemos batalhar na esfera pública pela realeza de Nossa Senhora, mas devemos começar reconhecendo a realeza dela sobre a nossa alma. Uma ação individual tem um efeito sobre toda a sociedade, inevitavelmente. Assim, um pecado individual, ainda que praticado sozinho, sem o conhecimento dos outros, traz um prejuízo para a sociedade, porque esse pecado prejudicou ao menos um membro da sociedade e, ao prejudicar um membro, é toda a sociedade que é prejudicada. De forma semelhante, mas ainda mais intensa, uma ação meritória traz um benefício para toda a sociedade ainda que seja uma ação desconhecida das outras pessoas, pois essa ação fez um bem ao menos para um membro da sociedade, e, ao beneficiar um membro da sociedade, toda a sociedade é beneficiada. Portanto, caros católicos, podemos imaginar o bem que traz para a sociedade a alma que se consagra totalmente a Nossa Senhora e vive realmente essa consagração. Se queremos mudar a sociedade, devemos primeiro mudar a nós mesmos.

Roguemos a Maria Santíssima para que alcance de seu divino Filho misericórdia para nosso país tão ingrato com os benefícios divinos, benefícios naturais e sobrenaturais. Em particular, o benefício de ter dado ao nosso país, por meio dos missionários portugueses, a fé. A fé católica, que cada vez mais se enfraquece em nossa sociedade, nos fazendo voltar a viver como pagãos. Roguemos a Maria para que tenha piedade de nosso país, que está em ruínas espiritualmente falando. E quando uma sociedade está em ruína espiritualmente, todo o resto termina também desmoronando. Nós repetiremos, após a Missa, a oração e a consagração a Nossa senhora Aparecida feita pelos bispos do Brasil diante das autoridades civis em 1931. Faremos a nossa parte para que o Brasil reconheça a sua rainha e a sirva dignamente, para assim servir ao Rei dos reis, NSJC. Faremos a nossa parte para honrar publicamente a Nossa Senhora Aparecida. Se Nossa senhora for devidamente honrada publicamente nos dará abundantes graças, como ao ser encontrada nas águas do Rio Paraíba fez com que a pesca fosse abundante. Sem Maria, não há peixes. Com Maria, eles são abundantes.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

[Sermão] “É preciso que Nossa Senhora seja reencontrada e venerada pelo Brasil, pelas autoridades públicas, pelo povo”

Sermão para a Solene Festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (12 de outubro de 2012)

Padre Daniel Pinheiro

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

“Tu, Virgem Maria, és a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra do nosso povo” Judith 15, 10

Lançando-a novamente pescaram a cabeça da imagem de Nossa Senhora, que era uma imagem de Nossa Senhora da Conceição

Em 1717, três pescadores buscavam peixes no Rio Paraíba, próximo de Guaratinguetá, interior de São Paulo. Era em torno do dia 12 de outubro, e a câmara da vila havia pedido aos pescadores da região que apresentassem todos os peixes que pudessem conseguir ao novo governador da capitania que estava de passagem pela localidade. Os três pescadores percorreram grande distância entre dois portos sem conseguir pegar peixe algum. Eis, então, que lançando a rede mais uma vez pescaram o corpo da Senhora, sem a cabeça. Lançando-a novamente pescaram a cabeça da imagem de Nossa Senhora, que era uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, da Imaculada Conceição. Continuando a pescaria depois de tal descoberta, conseguiram pescar tantos e tantos peixes que tiveram de parar, receosos de que as canoas naufragassem por causa da abundante pesca. Eram certamente extraordinários esses fatos: o encontro da imagem, o encontro da cabeça que naturalmente deveria ter sido arrastada mais longe pela correnteza da água, além de ser dificilmente colhida por uma rede de pescador, dada a sua dimensão. Extraordinária também a pesca abundante que seguiu o encontro da imagem. A devoção a Nossa Senhora Aparecida começou, então, no oratório dos pescadores e graças foram obtidas e milagres realizados, notadamente as velas que se apagavam e se reacendiam sozinhas por diversas vezes. A devoção foi tanta, que, hoje, Aparecida é o maior Santuário Mariano no mundo. Em 1930, o Santo Padre, o Papa Pio XI, na plenitude de seu poder apostólico, constituiu e declararou a mui Bem-aventurada Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de “Aparecida”,a Padroeira principal de todo o Brasil diante de Deus. No ano seguinte, 1931, no dia 31 de maio, em presença do Sr. Presidente da república, de altas autoridades civis e militares, de numerosas divisões das Forças Armadas, do Episcopado Brasileiro e de enorme multidão de fiéis, o Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro proferiu o ato de consagração de todo o Brasil a Nossa Senhora Aparecida, recomendando à Excelsa Padroeira todos os interesses e as necessidades da pátria. Nossa Senhora da Conceição era já a padroeira do Brasil por provisão do Rei de Portugal em 1646 e por declaração de D. Pedro I quando da independência. Simplesmente, ajuntou-se nesse momento o título de Aparecida por causa dos milagres ocorridos, das graças alcançadas e da devoção do povo.

Todos esses fatos nos permitem tecer algumas considerações interessantes. Antes de tudo, a importância de Nossa Senhora na obra da redenção. Nas duas pescas milagrosas no Evangelho, Nosso Senhor quer mostrar aos apóstolos que sem Ele, os únicos frutos que realmente nos interessam, que são os frutos de vida eterna, são inexistentes, apesar de nossos trabalhos e esforços nessa terra. Com Cristo, porém, e seguindo a sua palavra os frutos para a vida eterna são abundantes. Ora, a origem da devoção a Nossa Senhora Aparecida nos mostra algo parecido em relação a Nossa Senhora. A devoção a Nossa Senhora é necessária para que possamos chegar ao Filho e assim nos salvarmos, com frutos abundantes. Enquanto a imagem estava no fundo do rio, esquecida e quebrada, a pesca foi inútil. Depois de encontrarem a imagem e tratarem-na com o devido respeito, a pesca foi abundante. Nossa Senhora, na sua extrema delicadeza, permitiu aos pescadores que apresentassem o fruto de seus trabalhos ao governador da capitania. Nós, nós devemos apresentar os frutos de nossas obras a Nosso Senhor Jesus Cristo, justo juiz, governador do mundo. Sem o auxílio Maria Santíssima não teremos obras dignas de serem apresentadas a nosso Deus, porque Deus quis, não por necessidade, claro, mas por livre vontade que os homens passassem por Maria e quis salvar o homem de forma semelhante como esse havia pecado. No paraíso havia um homem, personagem principal e havia uma mulher que cooperou no seu pecado. Na Redenção há um homem, Cristo, que é também Deus e há uma mulher que coopera na obra infinitamente perfeita de Cristo, Maria.

Dissemos, então, que o Brasil foi consagrado a Nossa Senhora no dia 31 de Maio, data que se tornou depois a data da festa de Nossa Senhora Rainha. Pela consagração de nosso país a Nossa Senhora Aparecida nós reconhecemos e declaramos explicitamente e justamente um fato que já existe. Nossa Senhora é Rainha por sua maternidade divina, aliás, celebrada ontem, mas também por direito de conquista adquirido por sua participação única na obra da redenção de seu Filho. Nossa Senhora é Rainha dos Céus e da terra. Nossa Senhora é, portanto, Rainha do Brasil. Consagrando o Brasil a ela, dizemos que queremos nos submeter a ela espontaneamente, seguindo o seu exemplo e suas ordens, como fizeram os servos em Caná quando do primeiro milagre de NSJC. A devoção a Nossa Senhora consiste em servi-la e imitá-la para poder melhor servir e imitar Nosso Senhor Jesus Cristo.

Hoje, infelizmente, o Brasil, por meio de suas autoridades não quer mais honrar publicamente e se submeter a Nossa Senhora e, por meio dela, honrar e se submeter a Nosso Senhor Jesus Cristo. Claro, existem ainda pessoas devotas de Nossa Senhora Aparecida, mas é preciso que o país também o seja. Se o país por meio de seus governantes pode reconhecer a importância de tal ou tal obra pública, pode também reconhecer que Deus existe, que Cristo é Deus, que a religião católica é a verdadeira, e que devemos voltar a Deus pelo mesmo caminho pelo qual Ele veio até nós: por Maria. Infelizmente, hoje, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, embora colocada no maior Santuário mariano do mundo é desprezada pelo nosso país e muitas vezes mesmo por aqueles que mais deveriam zelar pela honra de Nossa Senhora. É como se a imagem se encontrasse no fundo do rio e quebrada. É preciso, então, fazer como os pescadores. É preciso que Nossa Senhora seja reencontrada e venerada pelo Brasil, pelas autoridades públicas, pelo povo. É por meio de Nossa Senhora que Cristo quer distribuir as infinitas graças que mereceu em estrita justiça durante a sua vida, paixão e morte. O bem de um país não é somente o bem econômico ou um bem social material, mas inclui necessariamente o bem espiritual, bem espiritual que só pode vir de Cristo por Maria. Cristo veio ao mundo por Maria. Ele concede as suas graças por Maria. O bem de nosso país, o verdadeiro bem de nosso país, que consiste, antes de tudo, no favorecimento da prática das virtudes, da única verdadeira religião, passa necessariamente por Nossa Senhora. O bem de nosso país não virá da política ou de uma ideologia. O bem do nosso país deve vir da restauração de tudo em Cristo. Enquanto o Brasil persistir em deixar Nossa Senhora no fundo das águas, nosso país não avançará realmente. Não avançará naquilo que realmente importa: o trabalho pelo bem das almas que só se pode fazer em união com a Santa Igreja. Enquanto Nossa senhora está no fundo das águas, o país caminha para o abismo, rejeitando todos os bens que lhe tinham sido concedidos por Deus. Quantas das supostas leis de nosso país hoje ofendem a Nosso Senhor e quantas outras não estão a caminho de serem aprovadas? O divórcio, que tem destruído a sociedade brasileira e a sociedade no mundo inteiro junto com a anticoncepção. Tantas liberdades absolutas que são liberdades para o erro e para propagá-lo… Uniões homossexuais reconhecidas pelo Estado. Aborto, eutanásia. Quantas liberdades garantidas por lei que são no fundo libertinagem… O projeto de novo código penal está repleto dessas leis ofensivas a Deus e, portanto, prejudiciais ao homem: aborto, eutanásia, suicídio assistido, assassinato de crianças indígenas, se isso é conforme ao costume de uma dada tribo, punição dos que se opõem às uniões homossexuais, descriminalização do uso de drogas, prostituição infantil, terrorismo etc. Claro que tudo isso aparece no texto do projeto com outras palavras que chocam menos o povo brasileiro, que, em sua maioria, se opõe a tudo isso. Nem o argumento da democracia numérica justifica o que querem fazer. Chegamos ao ponto em que os animais são mais importantes que os homens, segundo esse mesmo projeto de Código Penal em trâmite no Congresso: não socorrer um homem é pena de uma a seis meses, enquanto não socorrer um animal é pena de 1 a 4 anos.  Inversão absurda, mas se se considera que o homem é mais importante que Deus por que não considerar que os animais são mais importantes que o homem? Aquele que nega Deus é capaz dos maiores absurdos. É isso que estamos vendo em nosso país. Nossa Senhora está no fundo das águas, esquecida e desprezada por nossa pátria.

Somos nós, então, que devemos pescar a imagem de Nossa Senhora no fundo das águas, a fim de que Ela proteja nosso país e faça com que o Brasil respeite os direitos de Deus, realizando assim a sua finalidade que é o bem de seus cidadãos. Somos nós que devemos ter uma devoção pessoal e verdadeira por Nossa Senhora, imitando as suas virtudes e pedindo que Ela seja reconhecida como a soberana suprema desse país. Devemos, por dever de justiça, de piedade filial, rezar e confiar nosso país a Nossa Senhora, a fim de que ele a reconheça como Mãe e Rainha e se submeta plenamente à vontade de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. E devemos incutir isso em nossas crianças. Por uma grande coincidência, não é?, dessas que não costumam ocorrer jamais, por um grande acaso, hoje é também o dia das crianças. Por que? Para fazer esquecer aos brasileiros e, sobretudo, àqueles que são o futuro de nossa sociedade, a soberania de Maria Santíssima e por meio dela a soberania de Seu Filho. Para fazer crer que o feriado é para as crianças se divertirem.

Devemos deixar claro para as crianças que o fundamental nesse dia 12 de outubro é Nossa Senhora e que foi ela quem nos trouxe o maior presente: o Menino Jesus. E se hoje é feriado, o objetivo não é outro: honrar Nossa Senhora e fazê-lo publicamente, confiando o nosso país a Ela e agradecendo todo o bem que Nossa Senhora já fez pelo nosso país.

Desde o começo de sua história, o Brasil se destacou por sua devoção à Imaculada Conceição. É preciso que isso continue.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, salvai o Brasil!

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Nota do editor: destaques são nossos.